dois milhões de dólares pelo Procon-SP, órgão de defesa do consumidor do Brasil, por descumprimento da legislação local desde o lançamento do
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Um dos motivos que rendeu à Apple essa penalidade é sua recusa em incluir adaptadores de energia junto com a série do iPhone 12. A Apple optou por fazer esse corte repentino globalmente em uma alegação de que reter os adaptadores (e EarPods, nesse caso) salvaria a Terra de 3 milhões de toneladas métricas de emissões de carbono todos os anos.
A multa não veio sem aviso prévio. Brasil alertou a Apple em dezembro que estava violando o Código de Defesa do Consumidor ao não incluir os adaptadores com os iPhones, agravado por uma falha em tornar esse fato explícito em sua publicidade. A Apple também nunca mencionou nada na forma de reduzir seus preços para compensar a falta de um carregador incluído. No Brasil, o iPhone 12 Pro Max custa o equivalente a US $ 2.535, enquanto começa em US $ 999 nos Estados Unidos e atinge o máximo em US $ 1.399.
Quando O Procon-SP questionou a Apple se de fato estava compensando com um preço unitário mais baixo, mas não respondeu. Ele simplesmente reiterou a linha de economia de emissão de carbono, acrescentando que a maioria dos usuários já tem carregadores de reposição de iPhones anteriores.
A Apple realmente se preocupa com o meio ambiente?
É inconsistente vender o dispositivo sem o carregador, sem rever o valor do produto e sem apresentar um plano de coleta de dispositivos antigos, reciclagem etc. Os carregadores devem ser disponibilizados aos consumidores que os encomendarem. —Procon-SP
Antes da multa este mês, O Procon-SP concluiu que a alegação de redução das emissões de carbono da Apple não é adequadamente sustentada por fatos, mas parece ser simplesmente uma medida de redução de custos para a empresa. A Apple nunca havia feito esforços para fornecer táticas de reciclagem ecologicamente corretas, disse o Procon, chamando a atenção do blefe da Apple. Eles pediram à Apple que apresentasse um plano de reciclagem viável para evitar multas potenciais por violação da política de proteção ao consumidor, mas a Apple nunca respondeu.
Ao deixar de vender o produto sem o carregador, alegando redução de carbono e proteção ambiental, a empresa deve apresentar um projeto de reciclagem. O Procon-SP vai exigir que a Apple apresente um plano viável.
A Apple justifica sua decisão alegando que já existem mais de dois bilhões de adaptadores produzidos e que a maioria das pessoas possui os seus próprios para uso. O problema com isso é flagrantemente óbvio: os modelos do iPhone 12 são enviados com um cabo USB-C-para-Lightning. Este novo cabo não caberá em adaptadores padrão de 5 Watts que os proprietários do modelo iPhone 11 ou anterior já possuem. Enquanto os carregadores Lightning-para-USB-A mais antigos demoram mais tempo para carregar seu dispositivo (o iPhone 11 demorou mais de 3 horas usando o carregamento padrão), o novo adaptador USB-C 19W leva pouco menos de duas horas para carregar o iPhone de 12 a 100 %.
Alguém salva alguma coisa – exceto a Apple?
Vejamos algumas análises dos Estados Unidos. Em primeiro lugar, o único iPhone anterior que veio com um adaptador compatível com USB-C foi o iPhone 11 Pro e Pro Max. Todos os modelos anteriores tinham o plugue de parede USB-A normal.
De acordo com um relatório do CIRP, nos EUA, o número de usuários do iPhone 11 era mais que o dobro do número de 11 usuários Pro e 11 Pro Max combinado ano passado. O relatório também mostra que 65% dos proprietários de iPhone tinham um modelo da série 11. Mesmo sem considerar que alguns de seus adaptadores foram quebrados ou perdidos, sabemos que os proprietários do 11 Pro ou Pro Max representam cerca de 30% ou menos. O que significa que a grande maioria dos que estão atualizando para o iPhone 12 sairá de seu caminho para usar o cabo USB-C de carregamento rápido com um adaptador compatível.
É cômico pensar que qualquer um que esteja disposto a gastar com o que há de melhor e mais recente com o iPhone 12 evitaria seus recursos de carregamento ultrarrápido. A Apple certamente espera que eles engulam o inconveniente e comprem um novo adaptador do bolso. As ofertas da Apple começam em 19 $ por um plugue de 20 Watts em seu site, mas nem todo mundo quer gastar 20 dólares por um adaptador e pode optar por uma alternativa mais barata. É aí que as coisas podem dar errado, já que uma cópia mal escolhida, que não pode fornecer a corrente estável e consistente de que seu gadget precisa, pode facilmente arruinar um iPhone caro.
Muitas pessoas também estão argumentando que a falha da Apple em incluir adaptadores está prejudicando significativamente os clientes de países em desenvolvimento, porque eles são ainda menos propensos a comprar um plugue original com certificação MFi.
Houve outras violações por trás da multa
A multa de US $ 2 milhões do Brasil não vem apenas pela falta de adaptadores de energia. A Apple foi acusada de propaganda enganosa, problemas de atualização do iOS e também de termos injustos.
O Procon-SP acusou a Apple de propaganda enganosa porque, desde a série 11, os proprietários de iPhone têm recusado serviços de conserto de telefones danificados pela água – apesar do fato de que, por anos, os iPhones têm anunciado níveis variados de recursos à prova d’água ou de resistência à água. A série do iPhone 12, por exemplo, tem uma classificação IP68 e foi testada para sobreviver à submersão a 6 metros de água por 30 minutos. No entanto, a Apple tem recusado aos clientes brasileiros serviços de conserto de telefones danificados pela água, mesmo que eles ainda estejam na garantia, o que parece contradizer sua afirmação.
Outro problema é que os clientes têm tido “problemas com algumas funções” em seus iPhones após as atualizações, mas não receberam assistência da Apple – levando a suspeitas de obsolescência planejada.
A outra ação que rendeu à Apple a multa de US $ 2 milhões é sua política de “isentar-se de todas as garantias legais e implícitas e contra defeitos ocultos ou não aparentes”, diz o Procon-SP.
Embora não seja segredo que essa multa é um troco para a Apple, pode ser bom para o seu futuro se ela prestar um pouco mais de atenção às leis locais de proteção ao consumidor e considerar os motivos pelos quais elas existem. Infelizmente, a comunicação da Apple sobre este assunto parece ter falhado, já que o Brasil não obteve resposta deles sobre a maioria das questões levantadas (embora a Apple ainda possa apelar da multa no tribunal).